#1. Ansiedade. Há uma linha que separa o normativo do patológico
- Cristiana Duarte
- 9 de mai. de 2020
- 2 min de leitura

O que é a ansiedade ?
A ansiedade é uma resposta emocional evolucionária que desenvolvemos para fazer face a uma ameaça/perigo percebidos em diversas situações e, por isso, inerente à condição humana. Esta resposta emocional de ansiedade integra em si mesma fatores cognitivos e está fortemente associada ao conceito de vulnerabilidade que se caracteriza pela percepção de que estamos perante uma ameaça/perigo interno ou externo sobre a qual não exercemos controlo, bem como pela perceção de que não dispomos da capacidade/mecanismos necessários para dar resposta à mesma. Neste sentido, é-nos fácil perceber que se por um lado a ansiedade desempenha um papel adaptativo na medida em que nos permite estar alerta e agir quando estamos perante uma ameaça/perigo real, esta pode também tornar-se desadaptativa quando desencadeada em resposta a situações neutras ou quando resulta de uma interpretação distorcida e/ou excessiva ao estímulo/situação percebidos como ameaçadores.
O que distingue a ansiedade normativa da ansiedade clínica/patológica ?
O facto da ansiedade poder por si só ser uma resposta dicotómica, adaptativa e desadaptativa, levanta questões dúbias quanto às características que distinguem ansiedade normativa e clínica/patológica. Neste sentido, a cognição assume-se como conceito chave na distinção de ansiedade normal e patológica uma vez que estas se diferenciam pela forma como é interpretada a situação ameaçadora/perigo e a capacidade para enfrentar a mesma. Neste sentido, podemos considerar os seguintes exemplos que caracterizam e distinguem ambos:

Como o acompanhamento psicológico pode ajudar ?
O acompanhamento psicológico sob uma orientação Cognitivo-Comportamental poderá ser útil na medida em que auxilia:
na identificação e consciencialização de avaliações excessivas de ameaça, responsáveis pela intensidade da sintomatologia ansiosa;
na recuperação do equilíbrio das avaliações excessivas e exageradas e na integração, identificação e reconhecimento de sinais de segurança;
na potencialização de um processamento mais reflexivo, em detrimento de um processamento automático e imediato da ameaça/perigo;
na minimização da percepção de falta de capacidade e competências para lidar/ dar resposta à ameaça, optimizando consequentemente a sensação de auto-eficácia;
na suspenção de comportamentos que perpetuam as dificuldades e que limitam o funcionamento diário normativo.
Sentir-se ansioso neste período de incerteza que caracteriza a pandemia que vivemos é normativo, sempre que dentro de uma perspectiva realista e reflexiva. Saiba quando é hora de mudar o (seu) lado da linha!
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