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Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção

Em consulta de neuropsicologia com crianças e adolescentes são frequentes as preocupações dos pais face ao comportamento e desempenho dos filhos, que muitas vezes partem de expressões como “está sempre com a cabeça na lua”, “distrai-se com o barulho das moscas”, “parece que as pilhas não acabam” , “por mais que estude, no dia seguinte não se lembra de nada”.

Este tipo de queixas, que facilmente parecem associadas à falta de interesse e esforço da criança, ou até mesmo a um comportamento desadequado, podem na verdade ser sintomas do que clinicamente designamos de Perturbação de Hiperatividade com défice de atenção.

A Perturbação de Hiperatividade com défice de atenção (PHDA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento que se inicia precocemente na infância e que se estende mesmo na idade adulta, afetando o desenvolvimento e o normal funcionamento cerebral. Este quadro clínico resulta de fatores neurobiológicos, genéticos e ambientais que comprometem o funcionamento cognitivo, comportamental e emocional da criança e que têm um impacto significativo na funcionalidade nos contextos académico, familiar, pessoal e/ou social.


Alterações neuropsicológicas

Uma vez responsável pelo estudo do funcionamento cerebral, a Neuropsicologia é uma das especialidades clínicas responsável pelos processos de avaliação e/ou reabilitação em casos de PHDA, uma vez relacionado com alterações no normal desenvolvimento deste órgão. Como o próprio nome assim o sugere, a PHDA é caracterizada por dificuldades em manter a atenção de forma adequada, bem como pode ser caracterizada por problemas no controlo de impulsos que se traduzem em impulsividade e hiperatividade. Nesse sentido, o quadro neuropsicológico é normalmente caracterizado por:

  • Alterações nos subprocessos atencionais;

  • Dificuldades ao nível das funções executivas;

  • Problemas de memória de trabalho;

  • Comprometimento da velocidade de processamento.


Implicações e comorbilidades

Já pensou como é difícil reter uma informação por algum tempo se não formos capazes de lhe prestar a devida atenção? Esta é uma das dificuldades que apresenta uma criança com PHDA e que facilmente nos permite compreender o impacto que acarreta ao nível da sua aprendizagem em contexto escolar. A verdade é que sem atenção é particularmente difícil codificar a informação e retê-la, para que depois possa ser recuperada a quando de um teste de avaliação, ou até mesmo de qualquer tarefa elementar do dia a dia. Neste sentido, a PHDA pode muitas vezes comprometer outras funções cognitivas que se traduzem em dificuldades de aprendizagem, problemas de comportamento e regulação emocional como:

  • Dificuldades na leitura, cálculo e matemática, escrita e fala, raciocínio lógico;

  • Impulsividade, comportamento agitado, desorganizado e inflexível;

  • Dificuldade na tolerância à frustração e na regulação do comportamento e emoções em tarefas difíceis e com maiores níveis de atenção.



Avaliação e reabilitação

Uma vez que a PHDA compromete o funcionamento normativo da criança em diferentes contextos da sua vida, é importante que seja feita uma avaliação multidisciplinar da criança, no sentido de melhor compreender as particularidades do caso e desenvolver um processo de intervenção individualizado, que promova uma mais eficiente ação de pais, professores e educadores nas suas intervenções. Com efeito é imprescindível a realização de uma avaliação neuropsicológica rigorosa e especializada, das alterações cognitivas, comportamentais, emocionais e funcionais da criança.

Posteriormente, é desenvolvido um plano de intervenção personalizado às dificuldades da criança, que vise não só atuar diretamente nas funções cognitivas comprometidas estimulando a sua regulação e optimização, como também ensinar e desenvolver um conjunto de métodos e estratégias que compensem as dificuldades e minimizem o impacto no funcionamento diário da criança.



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